segunda-feira, 1 de junho de 2020

RIP Mr. Floyd (31/05/2020)


Em uma frase atribuída ao ator Will Smith, ele diz: “O racismo não está piorando, ele está sendo filmado.”
Segundo o NEABI1 – Núcleo de Estudos Afrobrasileiros e Indígenas da UNISINOS – Universidade do Vale do Rio dos Sinos, o racismo tem como ponto de origem os séculos XVI e XVII, pelos europeus, como fundamento da escravidão e seu mercado lucrativo. Claro que com o passar do tempo e como o ser humano tem uma tendência natural para o mal – e para o bem também - o racismo ganhou outras facetas e a necessidade de colocar outros seres humanos como inferiores e assim subjugá-los e explorá-los a despeito até mesmo dos dogmas religiosos professados ou neles baseados.
A morte do cidadão americano, negro, George Floyd só ganhou notoriedade porque foi mundialmente vista e mostrou ao mundo a mazela que ainda perdura nos EUA. Mas não só nos EUA. Lá, pelo menos é reconhecida e todos sabem que existe, tem cata, fonte e alvo. Lá pelo menos já houve presidente negro, Secretários de Estado negros e outros negros em altos cargos. No Brasil, apesar da propaganda de democracia racial, temos a política do tapinha nas costas e facada nas costelas. É dito que não há racismo, mas o que há é terrível.
A resposta à morte violenta, covarde e injustificável do Sr. Floyd extrapolou a sua localidade e se espalhou por várias cidades, mostrando que a resignação e a paciência estão chegando a um limite perigoso e de graves consequências sociais. Nos EUA a posse de arma é muito mais flexível do que no Brasil e já houve quem tivesse exercido esse direito de modo contundente. O problema é se todos os envolvidos acharem que devem exercer esse direito. O pior ainda, como os brasileiros têm o costume de copiar os costumes estrangeiros, especialmente os que não prestam, essa resposta violenta começar aqui.
E no Brasil? Não é necessário ser um sociólogo, antropólogo, estatístico ou seja lá que especialista for para constatar o “afrocídio” que grassa a nossa sociedade, onde 75% das vítimas de homicídios são negras.
Somos a sociedade na qual as elites sociais e econômicas historicamente basearam sua riqueza e seu poder sobre o comércio e o trabalho escravizando seres humanos, tirando deles até mesmo a dignidade de ter o direito de ter uma alma e assim ser coisificado. E a dita libertação não deu nenhum alento econômico, social e político a cerca de 1 milhão de escravos (dados não oficiaias) “libertos”, que da noite para o dia se viram nas ruas, sem ter aonde ir. Tiveram que ir para as favelas e voltarem ao trabalho quase escravo a quem lhe desse emprego.
O racismo traz em si não só a questão social, de condenação a uma maior dificuldade de mobilidade social e trabalhista, mas também tira do país a possibilidade de usar um potencial criativo, intelectual, econômico e político incalculável. Não é difícil imaginar como seria o Brasil se ele fosse um país mais igual, se os negros libertos tivessem recebido os mesmos benefícios que os imigrantes alemães. Italianos e outros receberam para se estabelecerem.
Foram mais de 300 anos de exploração e nenhum ressarcimento. Graças a Deus o povo negro quer igualdade e não vingança, pois se o morro descer não há força que o segure.
Assim sendo, o assassinato do Sr. Floyd e de milhares de outros anônimos está alertando do perigo de comoção social que pode ocorrer, caso atitudes visando melhorar as condições de vida da população não sejam tomadas e mais, dada igualdade de direitos. Nem mais, nem menos, só igual.
Para encerrar, uma música para animar a alma e um vídeo interessante.

14 de maio - Lazzo Matumbi (Jorge Portugal)(Vídeo)
Mar 4, 2020
Category: Music
Music in this video
Song: 14 de Maio
Artist: Lazzo Matumbi
Album: Lazzo Matumbi, Vol. 1
Licensed to YouTube by
CD Baby (on behalf of Lzz Music & Creative Mkt)

Somos todos parentes(Vídeo)
Dec 31, 2016
Category: People & Blogs

Referência:
UNISINOS/NEABI1 – Núcleo de Estudos Afrobrasileiros e Indígenas. A História do Rascismo – Documentário. Publicado em 04 de Fevereiro de 2013. Disponível em http://unisinos.br/blogs/neabi/2013/02/04/a-historia-do-racismo-documentario/ Acessado em 31/05/2020. UNISINOS – Universidade do Vale do Rio dos Sinos.

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